O PROJETO
O Executivo enviou para a Câmara Municipal na semana passada, um Projeto de Lei que autoriza a revisão geral e o reajuste da remuneração de agentes públicos municipais. Na sessão ordinária da última terça-feira, os vereadores aprovaram o regime de urgência. O PL, portanto, deverá ser votado na próxima semana. Sem muito alarde. Sem grandes discussões. Afinal, há um detalhe nele que a maioria dos parlamentares quer deixar passar em branco.
O REAJUSTE
O PL em questão prevê a revisão geral anual das remunerações e dos subsídios de todos os agentes públicos municipais a título de recomposição das perdas salariais, de acordo com o IPCA acumulado de janeiro a dezembro de 2022, a partir de 1º de abril de 2023. Mas há um detalhe no texto que pode passar desapercebido. O mesmo PL prevê o reajuste de 28,6% para o prefeito, vice-prefeito, secretários e vereadores. Em caso de aprovação, Sergio Azevedo (PSDB) passaria a receber mensalmente aproximadamente R$ 37 mil por mês enquanto os vereadores teriam proventos próximos de R$ 15 mil mensais.
SILÊNCIO
Ao longo da terça-feira, a produção de um programa de televisão tentou contato com alguns vereadores com o intuito de abordar e tentar esclarecer a população detalhes do PL. A maioria se esquivou. Após muita insistência – e algumas mensagens ignoradas – o presidente da Câmara, Douglas Souza (União Brasil), topou falar sobre o assunto ontem, quarta-feira. Esclareceu os trâmites, confirmou o regime de urgência e os reajustes previstos.
CEGOS, SURDOS E MUDOS
Ainda na quarta-feira, a jornalista responsável pela reportagem tomou um chá de cadeira. Entre os parlamentares, a ordem era para ninguém conceder entrevista falando sobre o caso – embora ao menos um, além do presidente, tenha demonstrado interesse em falar sobre o tal reajuste de 28,6%.
UMA BOMBA NO COLO DA CÂMARA…
Foi essa a jogada que o prefeito Sergio Azevedo jogou no colo dos vereadores ao condicionar o reajuste dos servidores ao do prefeito, vice-prefeito, secretários e vereadores.
VAI ENTENDER…
O vereador Wilson Silva (União Brasil), que é negro, se absteve de votar na moção do vereador Diney Lenon (PT) sobre o racismo contra o atacante Vinicius Junior porque no texto tinha um trecho que criticava indiretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ou seja, ele preferiu ficar do lado de um político com histórico de declarações racistas, entre outras coisas, a defender um atleta que está sofrendo uma das maiores perseguições racistas do esporte. Além disto, o vereador se declara como torcedor do Flamengo, clube que revelou Vinícius, o que torna sua postura ao se abster da votação ainda mais incompreensível.