O BAILE DA ILHA FISCAL
No memorável dia 9 de novembro de 1889, aconteceu o último momento de glória da monarquia brasileira: o ilustre baile da Ilha Fiscal. O que Dom Pedro II não imaginava é que poucos dias depois – apenas cinco para ser mais exato – ele seria destronado e a monarquia seria extinta do Brasil. O evento, por sua vez, teria sido uma tática de mostrar que a coroa brasileira estava firme e forte. Em suma, uma forma de tentar provar que tudo estava caminhando bem na realeza. No último sábado, 7, e com o mesmo propósito, o prefeito Sergio Azevedo (PSDB) liderou seu próprio baile da Ilha Fiscal. O palco foi o bar e restaurante Capiau II no Bortolan.
CLIMA TENSO
Se no discurso, Azevedo dizia frases como “não deixe que o ego estrague a sucessão” ou que “Poços precisa seguir em frente”, nos bastidores o clima era diferente. Ao menos dois secretários, antes mesmo do evento começar, rosnaram o tempo todo um para o outro: Celso Donato e Thiago Mariano. O segundo ficou apagado e optou por permanecer ao lado da esposa e do filho durante o encontro. O primeiro, por sua vez, aproveitou o vácuo para demarcar território e se posicionar como uma das lideranças do encontro.
OS DESCONFIADOS
Quem passou rapidamente pelo evento, acenou e deixou o local foi o presidente da Câmara Douglas Souza (União Brasil). Ele apareceu acompanhado da assessora regional do deputado estadual Rodrigo Lopes (União Brasil). Thiago Cavelagna, o presidente municipal da sigla, parecia incomodado e deslocado. Já o secretário de Comunicação, Antônio Donizeti Albino (União Brasil), aos mais próximos, reclamava que se o evento teria sido mais bem organizado em seu pesqueiro. Tido por muitos como carta fora do baralho para 2024, o vice-prefeito Júlio Cesar de Freitas (União Brasil) confidenciava a pessoas mais próxima que “por raiva não abrirá mão de ser o candidato da sucessão”.
OS PARTIDOS
Durante os discursos, o prefeito Sergio Azevedo convidou os representantes do PSDB, PSD, Progressistas, PL, União Brasil – além do Avante – para se juntar a ele. O ex-secretário de saúde, Carlos Mosconi (PSDB), que deixou a pasta em meio a uma CPI, mais uma vez, tal como um sonho de uma noite de verão, lançou o alcaide para o governo de Minas Gerais em 2026. Dos presentes, quem estava na frente aplaudiu. A galera do fundão deu de ombros.
NOVO MESMO?
Entre os presentes do partido Novo estava o vereador Kleber Silva e o jovem André Vilas Boas – que, dizem, dessa vez, não cheirou o pescoço de ninguém – tal como fez recentemente no encontro do chamado “Ranchinho”. O que, por sinal, causou uma tremenda discussão.
ANÁLISE
Algumas pessoas presentes no encontro e ouvidas pela Coluna Bastidores afirmam que o evento tem mais chances de ter causado uma desunião do que uma união. Para alguns, há sinais claros de que passou do tempo de o prefeito entender que parte do grupo não aceitará uma decisão autoritária do nome que representará o grupo nas eleições do ano que vem. Para essas mesmas pessoas também está claro de que não há um nome que empolgue ou que seja capaz de unir a todos.
TÚNEL DO TEMPO
No baile da Ilha Fiscal de 1889, uma das famosas lendas é a de que Dom Pedro II chegou a tropeçar em um tapete do salão logo no início da festividade. Surpreendido, teria comentado: “O imperador tropeça, mas a monarquia não cai”. Não sabemos ao certo o prefeito Sergio Azevedo tropeçou. Mas pelas suas costas, tal como no passado, há muita gente tramando e torcendo para que ele caia. A conferir.