Apesar de todas as críticas, inclusive em sua base, o prefeito Sérgio Azevedo insiste na reforma da famosa Alameda Bacon, que vai passar a se chamar Alameda Poços. Os trailers e carrinhos, tão queridos por turistas e moradores, vão dar vez a quiosques ocupados por empresas ou franquias alimentícias.
À exemplo do que aconteceu com outros pontos turísticos da cidade, o modelo de exploração proposto privilegia grandes empresas em detrimento dos que há anos prestam serviços à população poços-caldense. Os trabalhadores atuais, desamparados, já receberam ordem de despejo.
Como justificativa para a obra, o prefeito aponta a falta de tratamento de esgoto, e a necessidade de modernização e retirada de estruturas que ele considera inapropriadas. Foi com argumentação similar à de Sérgio que, no início do século 20, o prefeito do Rio de Janeiro, Pereira Passos, iniciou uma reforma que acabou por dar início às primeiras favelas cariocas. A história já conhecemos: o direito à cidade, que deveria ser de todos, deixou de ser direito e passou a ser privilégio de poucos.
Usar esses pretextos para retirar trabalhadores do centro histórico e turístico de nossa cidade, gourmetizando o que há 40 anos é um lugar socialmente democrático, não passa de mais um discurso higienista do prefeito poços-caldense.
Ao focar na questão do saneamento – que, diga-se de passagem, poderia ser resolvida sem a remoção dos carrinhos –, o projeto pode até deslumbrar uma parte da população local, ao desviar o olhar sobre a administração seletiva do governo. Mas, a verdade é que afasta os trabalhadores ao não oferecer opções ou perspectivas, aumentando ainda mais a desigualdade social em nossa cidade.
Com essas pessoas, não houve conversa, respeito, nem diálogo. Desconfio que Sérgio nem saiba o que é isso. Restou apenas a zombaria do prefeito com os trabalhadores e suas famílias que defendem seu sustento. E isso, em plena Câmara Municipal, a “casa do povo”. Poços de Caldas e seus habitantes merecem muito mais.